Os Sistemas Aumentativos e Alternativos de Comunicação (SAACs) visam sobretudo o desenvolvimento de competências de comunicação. Quando associados a tecnologias, permitem formas mais funcionais de comunicar evitando a dependência e o isolamento.
O Sistema Aumentativo de Comunicação complementa a linguagem oral para uma comunicação efetiva, enquanto que o Sistema Alternativo de Comunicação substitui a linguagem oral quando esta se encontra ausente ou quando é incompreensível.
Os principais objetivos dos SAACs
- Facilitar a compreensão da linguagem oral e a expressão
- Proporcionar qualidade de vida superior pelo desenvolvimento da autonomia pessoal
- Meio temporário de comunicação
- Meio de comunicação permanente ou de longo prazo
- Meio facilitador do desenvolvimento da fala
Podemos dividir os SAACs em (1) sistemas sem ajuda e (2) sistemas com ajuda:
(1) Nos primeiros são consideradas todas as formas não verbais de comunicação natural: gestos, expressões faciais, língua gestual.
(2) Para os segundos é necessário algo externo como forma de apoio à comunicação tal como ajudas técnicas ou simplesmente lápis e papel. Podemos utilizar objetos, imagens e/ou símbolos. Os objetos podem ser reais ou imitações, as imagens podem ser fotografias reais ou desnhos representativos da realidade e, no caso dos símbolos existe uma série de símbolos gráficos que foram desenvolvidos para facilitar a comunicação de pessoas com necessidades educativas especiais: PIC, BLISS, SPC (PCS).
Sistemas Gráficos para a Comunicação Aumentativa mais utilizados:
PIC – Pictogram Ideogram Communication (Maharaj, S., 1980) – Sistema pictográfico concebido por uma terapeuta da fala canadiana, com símbolos/figuras estilizadas a branco, sobre fundo negro, cujo objetivo era reduzir dificuldades de discriminação entre figura e fundo. A limitação mais assinalada é o facto dos símbolos não serem combináveis. Por outro lado, permitem uma boa percepção e são de fácil aprendizagem.
Sistema de Comunicação SPC (Mayer Johson, R., 1981) – Símbolos Pictográficos de Comunicação criados por uma terapeuta da fala americana. Os símbolos são agrupados em categorias gramaticais, segundo a CHAVE DE FITZGERALD (pessoas, verbos, adjetivos, substantivos, diversos, sociais). São reconhecidas como maiores vantagens: a universalidade (mesmo entre idiomas), a adaptabilidade, a aplicação a diferentes tipos de utilizadores, a boa discriminação visual, a facilidade na pesquisa e na execução de novos símbolos, a abordagem temática do quotidiano e o facto de ser um sistema evolutivo. Os símbolos são atualizados anualmente, sendo que, atualmente, estão disponíveis cerca de 5000. Os símbolos são transparentes ou personalizados e desenhados a traço negro a cheio, sobre fundo branco. É o sistema de símbolos mais utilizado no mundo.
Bliss (Blisssymbolics 1965 ) – Sistema de símbolos ideográficos criado por Charles Bliss, Engenheiro Químico, durante a 2ª Guerra Mundial numa tentativa de criação de uma língua universal para indivíduos sem problemas de comunicação. Foi aplicado pela primeira vez, como meio de comunicação alternativa e aumentativa, com indivíduos portadores de deficiência motora (paralisia cerebral), no Canadá, nos anos 70. Sistema de símbolos pictográficos, ideográficos, mistos e arbitrários, organizados em grupos sintáticos identificados por cores específicas. Os símbolos são compostos por um número pequeno de formas chamadas de “elementos simbólicos”. Seguindo um sistema lógico, estes elementos básicos são usados em várias combinações para representar milhares de significados. Pela sua estrutura, o Sistema Bliss é utilizado por crianças e adultos com diferentes capacidades cognitivas, permitindo distintos graus de estruturação linguística. Algumas vantagens apontadas são: a possibilidade de expansão (novos significados e símbolos) e a lógica que lhe está associada. Por oposição, as desvantagens que lhe são apontadas a necessidade de boa discriminação visual e capacidade de abstração, maiores competências cognitivas e complexidade.
As tecnologias associadas a estes sistemas possibilitaram formais mais funcionais de comunicação. No entanto, devemos ter em conta a pertinência das diferentes tecnologias disponíveis adequando-as às necessidades dos alunos em causa sem comprometer as etapas de desenvolvimento das compet~encias comuncativas que podem, ou não, levar à utilização de ferramentas cada vez mais complexas.
Existem três níveis de tecnologias: a baixa, a média e a alta tecnologia, correspondendo a cada uma delas, características específicas como, por exemplo, exigirem progressivamente maior manutenção, maior necessidade de treino associado à sua utilização, sem componentes eletrónicos ou com componentes progressivamente mais complexos.
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